Título
NARRATIVAS HIPERTEXTUAIS DIGITAIS: UMA POÉTICA PROCEDIMENTAL
Autor
Flávio Vilela Komatsu
Tipo de produção
Data de publicação
2021
Disponível em
Descrição
É na materialidade que a literatura se realiza e escapa à abstração. Falar em literatura digital, portanto, é, antes de tudo, ressaltar a importância do meio. Há uma diferença material entre o meio digital e o meio impresso. A exploração poética dessa diferença traz à tona uma literatura que dá novas formas à matéria verbal, trazendo a necessidade de novos parâmetros para apreciar e reconhecer suas especificidades. Janet Murray, em seu livro Hamlet no Holodeck (2003), identifica a espacialidade como uma das quatro principais propriedades do meio digital: “os meios lineares, tais como livros e filmes, retratam espaços tanto pela descrição verbal quanto pela imagem, mas apenas os ambientes digitais apresentam um espaço pelo qual podemos nos mover.” Esse espaço é instituído pela arquitetura hipertextual do objeto digital, que, dispondo de múltiplos percursos de leitura, invoca o leitor a tomar decisões e, portanto, a performar: a narrativa se transforma conforme as escolhas de percurso de leitura. Na busca por um atributo literário próprio do meio digital, este trabalho parte da sistematização do gênero “narrativa hipertextual digital” a partir das especificidades de duas obras: As doze cores do vermelho, de Helena Parente Cunha; e OWNED –um novo jogador, de Simone Campos. Ambos pertencentes ao domínio da literatura digital brasileira, trata-se de narrativas participativas que não se bastam na decodificação de enunciados, requerendo também a decodificação da ordem espacial da arquitetura que os organiza. Ao oferecer novas possibilidades à matéria verbal, não cabe mais submetê-los aos parâmetros de análise da literatura impressa: “se esses textos redefinem a literatura expandindo nossa noção dela - e acredito que sim - então eles também devem redefinir o que é literário e, portanto, não podem ser medidos por uma estética antiga e não modificada.” (AARSETH, 1997, p. 14). Para a devida análise, utilizamos os conceitos de imersãoPor João Roberto Antunes A imersão está totalmente relacionada a duas das características que, segundo Janet Murray (2003), são definidoras dos meios digitais: a sua espacialidade e o seu teor en..., agência e transformação (MURRAY, 2003) como parâmetros de um novo olhar teórico, voltadas às especificidades de uma poética tão nova quanto a materialidade em que se realiza. Este trabalho se vincula ao Projeto Repositório da Literatura Digital Brasileira (CNPq n. 405609/2018-3).
Como citar
KOMATSU, Flávio Vilela. Narrativas hipertextuais digitais: uma poética procedimental. 2021. Dissertação (Mestrado em Estudos de Literatura) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2021. Disponível em: https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/15062.
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NARRATIVAS HIPERTEXTUAIS DIGITAIS: UMA POÉTICA PROCEDIMENTAL