O Observatório da Literatura Digital Brasileira surge a partir do Projeto de Pesquisa Repositório da Literatura Digital Brasileira, com financiamento do Edital Universal do CNPq e vigência iniciada em 2018 e que será encerrada em 2022.
Os objetivos iniciais do Projeto eram os de mapear, descrever e preservar a produção literária digital que, desde há tempos, sofre invariavelmente com a obsolescência dos softwares e, por conseguinte, é passível de total esquecimento por parte das futuras gerações e de total desconhecimento por parte da geração atual.
Mapeamento
A metodologia, cartográfica, preocupou-se em reunir a maior quantidade de material possível, para que outros pesquisadores e outras pesquisas pudessem, a posteriori, construir suas antologias e avaliações críticas.
As etapas de mapeamento foram organizadas da seguinte maneira:
- 1a etapa: mapeamento de obras pertencentes a antologias e repositórios;
- 2a etapa: mapeamento de outras obras, dos mesmos autores das obras mapeadas na etapa anterior;
- 3a etapa: mapeamento de obras e autores a partir de buscas em publicações, redes sociais, catálogos e anais de eventos etc.
Durante o mapeamento, a Literatura Digital Brasileira se nos revelava aos poucos em suas especificidades; as definições e descrições consagradas, construídas ao longo das últimas décadas por autores cuja realidade sócio-técnica difere enormemente da brasileira foram confrontadas com os resultados que começavam a surgir, do mapeamento. Do confronto surgiu a necessidade de estabelecer diálogo com pesquisadores oriundos de países cujas condições sócio-técnicas se assemelham às do Brasil. Esse foi um momento importante do projeto: o momento do estabelecimento da parceria com o projeto Cartografía Crítica de la Literatura Digital Latino-Americana.
Descrição taxonômica
A adesão à taxonomia proposta pelo Cell Project foi um excelente ponto de partida, mas compreendemos cedo que ela deveria sempre ser utilizada como descrição, não como prescrição; ou seja, ela poderia ser empregada como uma maneira de organizar a documentação das obras em seus elementos constitutivos, mas não poderia nos servir como critério de exclusão ou de parâmetro de avaliação das obras mapeadas. É por isso que se podem perceber, no arquivo Atlas, algumas diferenças em relação à taxonomia adotada pelo CELL Project.
Preservação
A preservação das obras literárias digitais é tema bastante complexo. No que diz respeito ao contexto de desenvolvimento do projeto de pesquisa, com financiamento modesto e equipe unidisciplinar, a opção foi pela documentação. Se a documentação de uma obra não é a obra, ela é capaz de testemunhar a sua existência, informar sobre o seu funcionamento, tornar conhecidas as suas opções estéticas. Outras possíveis estratégias de preservação da literatura digital, como a adaptação, a emulação e a recriação serão testadas em sua produtividade em projetos futuros.
Memória
O processo de mapeamento, descrição e documentação das, até o momento, cerca de 100 obras literárias digitais brasileiras foi documentado em um site, hoje mantido como memória do projeto. O seu nome, Atlas da Literatura Digital Brasileira, agora dá nome ao arquivo das obras.